E cá estamos, véspera de Samhain (no Hemisfério Norte) ou, para quem preferir, Halloween... Com o mês de novembro diante de nós, e ainda em casa.
Quer dizer, há quem já tenha decretado o fim da pandemia por conta própria... mas as pessoas mais cautelosas seguem se cuidando e cuidando umas das outras. De março para cá, minhas saídas são somente para ir até a minha escola de dança e, no máximo, ver minha família, sempre num mega esquema, para diminuir ao máximo os riscos de contágio. Nada de café, nada de museu, nada de ensaios na OF, nada de espetáculos no Teatro, nada de viagens... (¿Hasta cuando?)
Jamais me passou pela cabeça que eu viveria um ano tão nonsense como este de 2020 (já não basta nossa política, que é um teste diário para os nervos). E estou certa de que este sentimento deve ser o mesmo de 99% das pessoas que conheço. Mas, embora a situação seja delicada para todos, cada um de nós a vivenciou de uma forma diferente.
Hoje, pouco mais de um mês após a morte da nossa tia, por Covid, vejo o quanto temos para falar, para nos expressar e para desabafar. A sensação é que este choque de realidade diário acabou não deixando espaço para mais nada. Sabe-se lá quando conseguiremos nos expressar novamente da forma com que estávamos acostumados. O fato é que ainda estamos vivendo esta espécie de pesadelo, sem uma data para terminar. Tempo de resiliência, de paciência e de adaptações (e quantas!). Mas, também, tempo de gratidão, por encontrarmos forças quando mais precisamos. Esta música PERFEITA gravada pelos suecos do The Hives tem uma frase que tem muito a ver com o momento: A war can't be avoided but it can be won...
Vai passar, ainda que não seja agora. Enquanto isso, seguimos com nossa nova rotina, ficando em casa, sentindo a vista piorar por causa de tantas horas em frente a aparelhos eletrônicos, reorganizando as relações de trabalho e as relações pessoas. E com muita saudade! De quem está aqui e não podemos ver como gostaríamos e de quem partiu, infelizmente!
Em tempos de notícias difíceis de digerir, preocupação excessiva e um certo desânimo que às vezes insiste em nos rodear, uma leitura leve e que se molda em nossa cabeça como um filme é uma excelente pedida, não acham?
Pois bem... há algumas semanas eu devorei em questão de 2 horas e meia "A Leica: uma novela fotográfica". Comecei e não conseguia mais parar. Quando acabou, rolou até uma certa resistência em voltar à realidade...
No flamenco temos uma expressão para algo que nos envolve de uma forma que não conseguimos mais soltar: te engancha. Foi exatamente assim que me senti ao ler este livro, o primeiro escrito por Nick El-moor.
Espero que seja o primeiro de vários outros, pois, a forma como o autor nos conduz nessa história é bem especial e temos a sensação de viajamos tanto no tempo - de volta ao início dos anos 1990 (como não amar?) e no espaço, algo que neste período faz um bem enorme!
Como não quero dar spoiler da história, deixo aqui a sugestão da leitura e peço que me contem depois o que acharam.
Espero que gostem da dica! Para embalar a leitura, tem uma playlist preparada pelo próprio autor no Spotify. Super vale a pena acessar!
Deixo aqui uma música que fez parte da minha adolescência, época em que as bandas que estouraram nos anos 80 na Europa chegavam por aqui com algum delay. Elas vinham nas malas das pessoas que tinham a oportunidade de viajar e trazer álbuns e fitas cassetes importadas. O hit é de 1985, mas a lembrança que tenho é do meu pai escutando esta música por volta de 1991, enquanto levava suas filhas adolescentes para o colégio... Saudade da boa!!
Viajar sem sair de casa... este tem sido um dos programas feitos por muita gente durante os dias de isolamento social...
O corre corre com as gravações das aulas a distância da OF tem sido tão intenso que mal sobra tempo para um episódio de alguma série na Netflix ao final do dia. Mas, hoje eu me permiti fazer duas coisas que até então não havia feito: assistir a duas lives e passear virtualmente por um museu que já conheço, mas que não me canso de visitar. Ou seja, eu poderia dizer que tive um domingo repleto de coisas boas, especialmente porque pela manhã pude curtir minhas família um pouquinho, com máscara, álcool gel e uma distância boa de cada um deles... mas foi um presente que acabamos nos dando...
As lives foram bem diferentes. Na parte da tarde, o Mosteiro de São Bento em SP exibiu alguns cantos ao vivo pelo Instagram. Mais de 8 mil pessoas assistindo! E lá estava Patrícia em sua primeira live da quarentena! Adorei! No final da tarde, Alceu Valença pelo YouTube! Bom demais! Estava precisando!
Agora à noite, descobri um link suuuuuper legal que não é exatamente o Museo de Bellas Artes de Sevilla, mas é um blog que comenta quadro por quadro do museu, seguindo o que seria uma visita que começa no térreo e vai até o andar de cima, que é o meu favorito, pois em um dos seus cantos está a sala de pinturas costumbristas, minha paixão!
Deixo aqui o link porque quem gosta de museus, da Andalucía, de Sevilla, de história e de tantas outras coisas, certamente vai amar.
Além do link, vou deixar também algumas fotos que fiz há menos de dois meses, quando estava por lá e me despedi do museu com um até breve, pois jurava que voltaria a Sevilla em julho deste ano, no nosso Circuito Andaluzia, que estamos organizando.
Sabemos que com toda essa pandemia, impossível estarmos lá tão cedo. Porém, a viagem será apenas adiada, pois temos a esperança de levarmos o grupo (ou a parte dele) a este passeio maravilhoso que foi planejado com tanto amor, tanta pesquisa e tanta dedicação. Fico feliz cada vez que uma aluna me manda mensagem dizendo que estará na viagem, aconteça quando acontecer!
Me alegro, não pela viagem em si, pois eu espero continuar indo muitas outras vezes, independente do circuito. Mas minha alegria é em saber que essas pessoas terão uma experiência duplamente inesquecível: visitar a Andaluzia numa viagem preparada da forma que esta está sendo organizada, e viver tudo isso após meses de muita angústia e preocupação. Acredito que tudo terá um significado ainda mais especial! E me alegro porque estaremos juntas para viver isso!
Então, já que escrevi muito... aí vai um álbum para acompanhar a visita ao Museo de Bellas Artes de Sevilla. Escolhi um guitarrista sevillano para embalar nosso passeio. O maravilhoso Rafael Riqueni.
Espero que gostem! Este post foi preparado com um amor enorme, vocês não fazem ideia!
Mais cedo eu lia uma notícia em um jornal local, onde dizia o seguinte: "Presidente voltou a causar aglomeração e afirmou que quem não for idoso ou tiver problemas de saúde 'tem que trabalhar'". Esse ser ignóbil acha realmente que as pessoas estão em casa deitadas numa rede bebendo água de coco?
Eu trabalho da hora em que eu acordo até a hora em que vou dormir para tentar pagar as despesas de uma escola que está fechada simplesmente porque é completamente insano pensar em juntar pessoas para uma aula de dança neste momento. O mesmo vale para tantos outros serviços que estão temporariamente suspensos por uma questão óbvia de saúde pública.
Estou sentindo na pele o que é precisar retomar as atividades e não poder. Mas tenho informação suficiente para entender que neste momento, a levianidade de uns pode colocar todo um país em risco de colapso.
Sei que tem gente que não entende isso, provavelmente por ignorância. No entanto, ver pessoas minimamente informadas aderirem a essa campanha pela reabertura das atividades tem feito com que eu perca, a cada dia, um pouco mais da minha fé na humanidade.
Hoje me deu uma vontade enorme de escutar Radio Tarifa, um dos grupos que mais amo há mais de duas décadas! Os ouvi pela primeira vez na Espanha, e foi amor à primeira vista. Comprei tudo deles, virei fã de carteirinha... até que o grupo acabou e, depois, para minha tristeza, o cantor Benjamin Escoriza faleceu... Embora eles tenham músicas beeem alegres, esta especialmente melancólica foi a primeira que toquei aqui em casa esta tarde.
Logo abaixo deixo uma mais animadinha que é para não deixarmos o baixo astral tomar conta de vez. Dias melhores virão. Assim espero.
Que mudanças internas vocês estão notando nos últimos dias? Fiquei pensando muito nisso desde a semana passada. Primeiramente, porque eu comecei a me perguntar que transformações essa crise mundial está provocando em mim. São várias as mudanças, desde a minha forma de valorizar o que realmente importa, passando por um amadurecimento financeiro e chegando na minha relação com parentes, pessoas que amo, pessoas com quem convivo, com a casa etc.
Imagino que este turbilhão esteja mexendo com praticamente todo mundo, sendo que cada pessoa está experimentando a situação de uma forma diferente. Fico sensibilizada com o cansaço de quem tem filhos e está precisando conciliar trabalho, tarefas de casa e essa demanda que os pequenos geram, especialmente os que estão em fase escolar. Tem também as pessoas que estão cortando um dobrado com seus companheiros/as, tem quem esteja se sentindo só, longe da família... com as pessoas que, assim como a gente, possuem um negócio próprio e estão diante de um cenário super incerto, sem saber até quando conseguirão se manter. Enfim, cada caso é um caso.
E o mais louco disso tudo é que boa parte dos desafios terão que ser enfrentados por cada um de nós, pois, por mais solidários que sejamos, há situações em que não conseguimos aliviar a pressão que outra pessoa está sentindo. Vamos fazendo como dá... semana passada confeccionei um kit de máscaras para doar a uma paciente oncológica que está iniciando seu tratamento agora. Tentei comprar de pequenas empresas, para dar um apoio, que neste momento é mais do que importante, fiz encomendas de congelados, orgânicos, mantive meus compromissos financeiros com pessoas que sei que precisam de seus pagamentos... tentei ajudar como deu. Enviei mensagem a pessoas que pareciam precisar de uma palavra de apoio, retomei contatos com amigas que eu não via há um bom tempo, para saber como elas estão... tenho procurado estar mais presente junto à minha família, meus gatinhos... Mas sei que é pouco. Neste momento, por incrível que pareça, tudo parece pouco.
É um momento único na nossa história recente e jamais passou pela minha cabeça a possibilidade de viver algo assim. Oscilo dias de otimismo, lucidez, paz interior e esperança com momentos de absoluta preocupação e inquietude. Quando isso acontece, me lembro de situações extremas que nossos antepassados e até mesmo contemporâneos viveram, como tempos de guerra, catástrofes naturais... e por incrível que pareça, elas encontraram forças para seguir em frente.
Então me sinto na obrigação de ficar forte, não somente por mim, mas pelas pessoas que amo e com quem desejo estar junto quando as coisas se acalmarem. Por incrível que pareça, a dança tem sido um ponto vital nessa história. Nos dias em que tudo parece mais complicado e a falta de um horizonte teima em me desanimar, eu piso no tabladinho que encomendei aqui pra casa, ou simplesmente me sento nele, abro as cortinas e me reconecto com essa força interior. Se eu coloco os sapatos de flamenco, pego minhas castanholas ou simplesmente deixo tocando uma música por aqui, a energia muda completamente!
Bailaora feliz com os pés arrebentados, como sempre hahaha!
Acredito que isso vai passar. Sairemos diferentes dessa tormenta? Algumas pessoas dizem que sim. Outras, duvidam. Quero crer que estamos aprendendo a ver a vida por um outro prisma, até então desconhecido. E que isso nos permitirá valorizar a vida de uma forma diferente daqui pra frente.
Aí vão duas músicas para acalmar o coração. A primeira, flamenco, eu coloquei em algumas aulas que gravei semana passada. É simplesmente maravilhosa!
E a outra é este mantra, que é um dos que eu mais escuto em casa, há pelo menos duas décadas... ele tem o poder de modificar a minha energia e a do local em que me encontrou quando eu o coloco para tocar. Para quem quiser conhecer um pouco do significado, sugiro a leitura deste post. Vale a pena!
Sabe-se lá quantos dias de isolamento social serão necessários para que a nossa vida recobre um mínimo da antiga rotina. Como sinto falta dessa rotina... claro que passados mais de 15 dias em molho em casa, a gente acaba descobrindo uma nova forma de organizar o tempo.
Inicialmente, a preocupação maior era manter a casa limpa. Confesso que faltou pouco para meu TOC voltar. A obsessão com a limpeza, o som da máquina de lavar roupa quase que intermitente, os inúmeros pedidos no supermercado. Até que um dia me dei conta de que temos papel higiênico para muito tempo, muito tempo mesmo... se, por um lado, senti certo alívio por não ter que me preocupar com itens básicos de higiene por algumas boas semanas, por outro, veio aquela tristeza e a pergunta: o que significa isso tudo? Será que nossa vida virou de perna pro ar definitivamente?
Vocês se deram conta de que todos esses fatos são super recentes, mas a sensação que temos é de que estamos nesse vendaval há uma eternidade?
Vi esta bandeirinha à venda neste site e amei. Acho que vou encomendar uma!
Não sei se são as preocupações diárias com saúde, com o bem-estar das pessoas que amamos, com as incertezas financeiras, com a tragédia que aguarda aqueles em situação menos favorecida, a nossa política bizarra... mas o fato é que os dias têm parecidos longos, as noites curtas e a sensação de cansaço se tornou uma constante.
Semana passada me dei conta de que eu voltei da Espanha há tão pouco tempo, mas quase não me lembro dessa viagem, que foi linda, por sinal. Jamais me permiti desfrutar daquele pós-viagem, não tive coragem de ver as fotos, de relembrar os momentos... eu cheguei no dia 8 de março e me lembro que ao entrar no apartamento e ligar o computador para ver as notícias, tive um choque com o aumento súbito do número de casos de Covid-19 em um único dia. Eu pensava: mas eu estava ali há poucas horas e as coisas pareciam dentro da normalidade. Nada indicava que a semana que se iniciava seria tão triste, não somente para a Espanha, mas para muitos outros países.
O fato é que a gente leva um tempo até perceber a gravidade do problema. Somente quando ele se aproxima muito, muito mesmo, a ficha parece cair. Foi assim quando começou essa crise, na China... muita gente duvidava que ela chegaria até o Brasil. E vejam só, o mundo agora está "unido" por um motivo bem triste: o combate ao novo coronavírus.
Resolvi retomar os posts aqui no blog, após muitas idas e vindas nos últimos anos. A falta de tempo foi, sem dúvida, o principal motivo pelo qual eu deixei de escrever aqui. Nunca me preocupei se havia alguém lendo o que eu publicava. Este blog, como o próprio nome indica, nada mais é do que uma espécie de diário onde eu registro referências musicais, dicas de artistas e bandas para lembrar depois. Notei que já faz muito tempo desde que eu comecei a publicar aqui e, consequentemente, muitos links já estão quebrados. Uma pena, pois eu salvei aqui músicas que realmente marcaram algum momento da minha vida e adoraria ter esta espécie de diário sempre em mãos para que eu pudesse acessar e escutar. Mas não faz mal. Em tempos de Spotify e Deezer, a gente consegue escutar praticamente tudo com uma busca simples.
Em todo caso, optei por recomeçar a postar aqui pelo simples motivo de que eu preciso de algumas rotinas que sejam diferentes de limpeza e trabalho (aliás, não está sendo fácil encontrar uma nova rotina para a OF agora com plataforma de ensino a distância, mas pouco a pouco a gente pega o ritmo... na esperança de que voltemos às aulas presenciais em breve!). Se pudermos passar por tudo isso com saúde, paciência, lucidez, dança e boa música, já teremos boas histórias para contar. Minha terapeuta provavelmente sentiria orgulho de mim lendo esta última frase... hahaha
Para encerrar este textão, aí vai uma música que ontem eu escutei repetidas vezes enquanto costurava máscaras de proteção. Sim, isso também foi algo que recentemente entrou na minha rotina... espero que por pouco tempo e que em breve eu volte a fazer bolsas, necessaires e outras coisinhas mais amenas!