Que seja infinito o que nos faz bem

Cada vez mais adepta do pensamento de que "menos é mais" e uma vida simples é exatamente o que eu desejo para mim.



Ontem, li um texto bem interessante chamado "Como consumir menos e praticar o Lowsumerism", que havia sido compartilhado na página "Um ano sem lixo", no Facebook, dica da querida Claudia.

Nem sabia que existia a expressão Lowsumerism, que remete a manifestação de uma "nova" consciência em relação ao consumo e que rejeita os excessos.

Normalmente espera-se que a gente tenha um emprego bacana, um imóvel legal, um carro do ano. Ah, e que tenha filhos rsrsrs. Mas quantas pessoas realmente, após batalharem anos a fio para criar essa imagem de sucesso, sentem-se realmente realizadas? Eu conheço poucas. Muito poucas, na verdade. A maioria está sempre reclamando, lamentando uma série de decisões que foram tomadas ao longo da vida e alegam que agora é tarde para dar um novo rumo a ela.

Isso, pra falar a verdade, sempre me deixou muito pra baixo. Ver pessoas perderem o brilho e a alegria e tornando-se burocratas insatisfeitos com seu trabalho, consumidores compulsivos ou torrarem dinheiro com coisas esdrúxulas apenas porque "podem" e "trabalharam muito" para merecer aquilo.

Ao longo de todos esses anos conciliando a duras penas duas atividades profissionais, a de socióloga que atua em pesquisas sobre políticas públicas e a de professora de dança flamenca (e sócia proprietária da OF), eu pude observar que muitas vezes as pessoas (eu também, em alguns casos) estão tão chateadas com o que elas fazem que encontram no consumo uma forma de compensação para tantas frustrações.

Daí entram num ciclo difícil de ser rompido: para sentirem que tanto sacrifício vale a pena, elas começam a consumir tudo que pudermos imaginar. "Presenteiam-se" com muitos presentes caros, restaurantes chiques (onde nem sempre a comida é tão boa, mas é phynna), viagens cada vez mais dispendiosas, roupas de grife e por aí vai. Mas para manter esse padrão de vida, quase sempre precisam trabalhar ainda mais e, como muita gente não trabalha com o que gosta verdadeiramente, elas vão ficando cada vez mais cansadas e desanimadas. E, infelizmente, sentem cada vez mais necessidade de consumir, pois esta é sua válvula de escape.

Há alguns anos, me propus o desafio de investir mais na qualidade de vida e menos na necessidade de provar que sou bem sucedida. 

Dei início ao processo de aprender a focar cada vez mais no que me faz feliz e menos no que as pessoas esperam de nós. E isso, em última instância, significa viver uma vida mais simples. Beeeem mais simples. Mas, apaixonante! 

Não sei até quando será possível manter este delicado equilíbrio entre fazer o que se ama e aceitar o fato de que, para isso, temos que assumir riscos maiores do ponto de vista emocional e financeiro. 

Consequentemente, a necessidade de planejamento e disciplina aumentam. Mas tem valido a pena e espero, de coração, que eu tenha saúde e determinação suficientes para não me abalar naqueles momentos em que a vida nos sacode tanto a ponto de querermos nos apegar a uma âncora que nos dê segurança.

Há algumas âncoras que nos prendem no mesmo lugar por todo o sempre e, na minha opinião, essa prisão - embora tenha seu lado bom - também nos apaga de várias maneiras.

Ontem, enquanto lia o texto sobre uma vida mais simples, me lembrei de Zugmunt Bauman quando fala sobre a dicotomia "segurança x liberdade". Este tema aparece em vários livros e entrevistas, mas selecionei este aqui para terminar o post. 

"Então, minhas conclusões são duas. Em primeiro lugar, você nunca encontrará uma solução perfeita do dilema entre segurança e liberdade. Sempre haverá muito de uma e muito pouco da outra, certo? E a segunda é que você nunca irá parar de procurar essa mina de ouro".



Ahhhhhh, como este é um blog de registros musicais, escolhi esta música de Alceu Valença tão e simplesmente por causa dessa frase linda:


"Tantos balanços de rede

No sonho de um sonhador"

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