Aquietar o coração e tentar ouvir o que a vida está tentando nos falar não é das tarefas mais fáceis.
Normalmente nós estamos preocupados com tanta coisa, envolvidos em tantos projetos que a vida às vezes tem que dar uns gritos meio bizarros para que a gente pare e escute.
Há anos li em um livro que quanto mais a gente ignora esses avisos, maior o susto que tomamos quando nos damos conta do que devíamos ter escutado.
Pensando muito sobre isso esta semana. O fato é que quando a gente se dispõe a escutar nossa voz interior, muito aprendizado vem em seguida. Como cantava Elis...
Esta manhã encontrei entre os links salvos nos "favoritos" do navegador um texto super interessante a respeito da difícil arte de ser simples. Já havia lido uma vez, gostei e salvei. E me esqueci completamente do texto. Hoje, reli. E, sinceramente, me identifico cada dia mais com essa filosofia de vida. Coloco aqui como registro para não deixá-lo para trás outra vez.
Possivelmente, a arte da simplicidade seja a conquista mais difícil para o indivíduo, pois exige naturalidade e uma boa dose de pureza espiritual na forma como ele se relaciona consigo mesmo e com o mundo à sua volta. ~ Flávio Bastos
Para embalar a leitura, fica registrada também esta lindíssima versão para Lua Branca, interpretada por Chano Domínguez y Niño Josele, duas feras que também deixaram suas marcas indeléveis no flamenco. Só fiquei triste porque no final, ao comentarem sobre a música, eles se embananaram e atribuíram a autoria a Pixinguinha e não à sua verdadeira compositora, Chiquinha Gonzaga.... Alguém bem que poderia dar um toque, né?
Sonhando com um piquenique, um dia quente de sol... vestindo saia longa, sandália nos pés... e, quem sabe, escutando Zé Ramalho, Zeca Baleiro e Fagner enquanto balanço numa rede. É pedir muito? :)
E se teu amigo vento não te procurar
É porque multidões ele foi arrastar...
Pois todos, pelo menos uma vez na vida, já se questionaram se valia a pena ou não tentar um pouco mais. Insistir é legal, desde que a determinação não nos consuma.
“Passei a pensar em soluções na vida. As pessoas que resolviam as coisas em geral tinham muita persistência e um pouco de sorte. Se a gente persistisse o bastante, a sorte em geral chegava. Mas a maioria das pessoas não podia esperar a sorte, por isso desistia.” (Charles Bukowski, In: "Pulp")
Lindo, não? Palavras do chileno Alejandro Jodorowsky neste trecho de entrevista que acabei assistindo hoje cedo, entre um e outro álbum de Baden Powell disponível no youtube.
Sabe-se lá por quê este vídeo apareceu entre as sugestões musicais desta manhã, pois nunca tive muita curiosidade em ler ou saber mais sobre ele, embora já tenha postado sobre seu filho, Adanowsky, aqui na página. Mas me alegro por ter tido a curiosidade de parar o que eu estava fazendo para vê-lo. Coisas que acontecem quando estamos sintonizadas com nosso coração. Pelo menos, acredito nisso.
Ele fala sobre algumas outras coisas bem legais, algumas das quais estão melhor explicadas em um antigo livro de Dion Fortune chamado "Filosofia oculta do amor e do matrimônio". Por ser um livro etiquetado como "ocultista" nas livrarias e bibliotecas, ele acaba sendo deixado de lado por puro preconceito de algumas pessoas. Porém, a leitura dos capítulos finais é super interessante e merece ser mencionada.
Hoje o domingo não foi de ensaio, nem de apresentação. Mas nem por isso deixou de ter seu momento mágico.
Em julho de 2014, após me dar de presente uma viagem de curta duração à Sevilla, onde tive a oportunidade de rever pessoas queridas, fazer aula com a fofíssima Leonor Leal e comprar muitos livros e discos de flamenco, voltei pra casa com mais um regalito: um álbum gravado em homenagem ao lendário grupo Triana, um dos precursores do rock andaluz e que fez muito sucesso nos anos 1970 e início dos anos 80.
Coração feliz na Alameda de Hércules...
Saudade define...
Infelizmente, o grupo, que bebia de diversas fontes, entre elas, o flamenco, a poesia e o rock progressivo da época, teve sua trajetória bruscamente interrompida após a morte trágica de Jesús de la Rosa, seu cantor, tecladista e autor de grande parte do repertório do Triana, que não sobreviveu aos graves ferimentos provocados por um acidente de carro em outubro de 1983.
Desde que vou a Sevilla, escuto falar de Triana - não o bairro, o grupo. Mas nunca tive curiosidade de escutar, pois, embora soubesse que algumas das letras cantadas por Manuel Molina haviam sido escritas em parceria com Jesús de la Rosa, o rock progressivo não me empolga muito.
Capa do disco que eu trouxe em 2014, inspirada
na capa do álbum de lançamento da banda, nos anos 70
Porém, esta semana resolvi finalmente abrir o lindo CD gravado em homenagem ao grupo, que trouxe de Sevilla ano passado. Coloquei no som do carro, para ir ouvindo em doses homeopáticas.
Por fim, não apenas escutei o disco inteiro todos os dias, de segunda a sexta, como já tenho minhas músicas favoritas do coração. O que é a cantaora Argentina interpretando Abre la Puerta????
Yo quise subir al cielo para ver
y bajar hasta el infierno
para comprender
qué motivo es
que nos impide ver
dentro de tí
dentro de mí.
Abre la puerta, niña
que el día va a comenzar
se marchan todos los sueños
qué pena da despertar.
Por la mañana amanece
la vida y una ilusión
deseos que se retuercen
muy dentro del corazón.
Soñaba que te quería
soñaba que era verdad
que los luceros tenían
misterio para soñar.
Hay una fuente niña
que la llaman del amor
donde bailan los luceros
y la luna con el sol.
Abre la puerta niña
y dale paso al amor
mira que destello tiene
esa nube con el sol.
Por la mañana amanece
la vida y una ilsuión
deseos que se retuercen
muy dentro del corazón.
Hay una fuente niña
que la llaman del amor
donde bailan los luceros
y la luna con el sol.
Abre la puerta, niña
que el día va a comenzar
se marchan todos los sueños
que pena da despertar.
Hay una fuente niña
que la llaman del amor
donde bailan los luceros
y la luna con el sol.
Foi bom ter começado a escutar Triana a partir da homenagem feita por alguns artistas. As gravações atuais são muito bonitas e a qualidade do áudio excelente. Diferente dos álbuns originais. Talvez eu não tivesse me apaixonado tanto pelo grupo se tivesse começado pelas gravações dos anos 70, pois elas lembram muito algumas bandas que meu pai ouvida quando eu era criança e que eu não curtia muito hahahaha! Rock progressivo era, na minha infância, sinônimo de horas de solo de guitarra e bateria durante nossas viagens de carro para o Rio de Janeiro. Além do mais, eu guardo uma certa nostalgia dessa época e sempre acho que nunca nenhum outro grupo irá superar os solos de Pink Floyd, Iron Butterfly, entre outros.
Mas Triana roubou meu coração, assim como o bairro, assim como Sevilla. Cada vez amo mais essa cidade e tudo que diz respeito a ela. E este grupo simplesmente consegue nos transportar no tempo e no espaço. É fantástico imaginar como tudo devia ser incrivelmente apaixonante para os andaluzes no momento em que este trio unia o rock progressivo ao flamenco, interpretando letras maravilhosas, que são pura poesia.
Confesso que passei a semana numa vibe meio estranha. Fiquei meio fixada com o grupo, li tudo sobre a banda, sobre o cantor que faleceu tão precocemente... Deu até tristeza pensar em como o destino é capaz de interromper projetos tão criativos, bonitos e originais como foi esta banda. Mas o legado ficou e isso nos torna pessoas de sorte, pois mesmo passado tanto tempo podemos escutá-los e escutar as lindas regravações de seu trabalho.
Vida longa ao rock andaluz!
Para saber mais sobre Triana, sugiro os seguintes links: