Flamenco, nostalgia e o entre-lugar



Esta época do ano, o coração aperta mais e eu já descobri por quê: é quando preparamos o espetáculo da escola e acessamos com muito mais frequência o material que trazemos a cada viagem à Andaluzia ~ livros, vídeos, cds, fotos, registros de todos os dias...

E essas recordações, somadas ao fato de que provavelmente só estaremos ali novamente no ano seguinte (Oxalá!), fazem com que a nostalgia tome conta em alguns momentos.

Nessas horas, lembro sempre do conceito de "entre-lugar", cunhado por Homi Bhabha, e sinto que alguma forma esta é a sina de todas as pessoas que escolheram este caminho: viver o flamenco em um local onde ele é considerado por muitos um simples bem de troca, enquanto espera pela chance de estar novamente no local onde é possível mergulhar nessa cultura de outra forma (ainda que em muitas ocasiões nossa presença mude sobremaneira a "idealizada" espontaneidade desta manifestação cultural e artística).

O preço que se paga por este amor é altíssimo, na vida pessoal, financeira e profissional. Mas enquanto a alegria em estar lá continuar me motivando a seguir em frente, não passa pela minha cabeça mudar os planos das próximas viagens. 


En tu silencio ~ José Mercé y Vicente Amigo por Soleá

Yo se que ya no soy
como yo era
y pasaran los años
y seguire a tu vera
que ya no soy
como yo era

Plaza de Santamarina
dia de frio en mi garganta
un capote esta abrigando
las cuerdas de mi guitarra

La serenidad que busco
es serenidad que encuentro
cuando me abrazo a tu voz
y me pierdo en tu silencio

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