Como faz?




Como faz quando o corpo está num lugar e a cabeça em outro? 

Normalmente, o amor pela Espanha faz com que este sentimento perdure o ano inteiro... não que a vida aqui não seja boa. Na verdade, é maravilhosa! Mas a nostalgia de tudo lindo que vivemos ali parece só crescer com o passar dos anos. 

Ao todo, de 1997 pra cá, já foram quase 20 idas à essa terra que tanto amo... pensem o investimento financeiro que isso demanda! E pessoal! E profissional! Muita gente não entende. De verdade. 

Me lembro que, ao pedir para meu avô ser fiador da sala que eu alugaria quando decidi criar a OF, sem muita pretensão, ele me falou: "Mas, dança, minha neta? Você é capaz de muito mais!" 

Eu sei que ele só estava preocupado com meu futuro... afinal de contas, viver no Brasil é viver preocupando-se com o dia de amanhã, a não ser que você tenha uma estabilidade como a dos servidores públicos. Do contrário, tudo pode acontecer. 

Confesso que muitas vezes ao longo desses anos pensei e repensei minhas escolhas... especialmente quando recebi reconhecimentos, propostas e convites quase que irrecusáveis para atuar no campo de pesquisa em sociologia, que é minha formação acadêmica. Não tem sido fácil abrir mão de algumas coisas em prol do flamenco.

Mas o amor é tanto, é tanto, que não consigo me ver longe do flamenco, da Espanha e de tudo o que envolve essa forma de viver, custe o que custar. 

Até quando? Não faço ideia... mas no momento, tudo o que sei é que o corpo está aqui, a cabeça está lá e o coração está nos dois lugares. Pois, embora eu ame ir para lá, também amo as pessoas com quem convivo aqui, e não me imagino longe delas. 

Acho que essa pergunta que fiz no início do post é retórica e não me levará a lugar algum... Ao menos por enquanto. 

Que tenhamos coragem de seguir nossos sonhos, força para enfrentar as consequências, amor para apaziguar o coração quando tudo parecer difícil e saúde para poder seguir trabalhando com o que tanto nos traz felicidade! 

Um dos maiores sinais de que sou imensamente realizada com o que faço é a alegria que sinto aos domingos quando lembro que às segundas eu dou aula! 


Um brinde ao flamenco, a quem devo tanto! E a Jerez, para onde irei dentro de alguns dias, para voltar, se Deus quiser, cheia de aprendizado e gratidão! E que o universo me permita seguir viajando para lá para beber dessa fonte inesgotável, como tenho feito até agora! 

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