Apaixonada por violão

Esta semana, uma amiga de Facebook me convidou para postar a primeira música que me viesse à mente e Capricho Árabe, de Francisco Tárrega, foi uma delas.

Digo uma delas, pois não consigo lembrar-me de Tárrega sem recordar também a Enrique Granados, mais especificamente Dança Espanhola n.5.


A música é o tipo de arte mais perfeita: nunca revela o seu último segredo.
 ~ Oscar Wilde

Escolhi este vídeo, pois estou na fase "aprendendo violão (sem pressa)" e passei o final de semana assistindo a vários vídeos. Este está entre os que me impressionaram muito. A linda violonista Tatyana Ryzhkova toca com uma naturalidade e entrega que emocionam.

Como eu sou realmente apaixonada por violão clássico e o canal da artista no youtube possui vários vídeos, resolvi deixar registrado aqui mais alguns para não esquecer-me da dica musical. Espero que vocês também gostem!



Ensemble Aromates para um domingo de quase primavera

Passar o domingo literalmente de molho em casa foi, definitivamente, necessário e super proveitoso. 

Esta semana começa a primavera, provavelmente, a minha estação preferida! Começam também os ensaios e, com eles, a correria para preparar nosso novo espetáculo. Ademais, os próximos dias serão para tomar algumas decisões importantes. Sem falar na florzinha mais linda de todas que está chegando!!! Vem, Ciçaaaaaa!! 


"Prometi seguir na mesma direção tão logo a primavera desabrochasse e os campos se cobrissem de flores" Jack Kerouac - On the Road.

Agora há pouco, enquanto fazia um pequeno check list para a semana, escutava um CD simplesmente maravilhoso do Ensemble Aromates que havia sido recomendado pela querida amiga Elisa, autora do blog De al-Andalus a Sefarad. 

Essa música é a minha favorita, dessas que escuto até não poder mais. Como não jurar, ainda que por alguns minutos, que estamos em outro lugar e em outra época, bem longe daqui?

 


Tem música que é pra gente...


Hoje, ao voltar pra casa após dar uma aula de dança na hora do almoço, encontrei guardado no porta trecos do carro este cd da Putumayo: A Mediterranean Odyssey. Acho que não há nenhuma música ali que eu não goste. Curto o álbum do início do ao fim. Mas esta música de Luis Delgado em especial é um encanto!

 

Outra das minhas favoritas é uma interpretada por María Salgado, intitulada "Solo por miedo". Curiosamente, enquanto me peguei preocupada com uma importante decisão que preciso tomar até este final de semana, a letra dizia o seguinte: 

Una vida más tarde comprenderemos
que la vida perdimos solo por miedo.

Coincidência ou um recado para que eu não deixe a preocupação influenciar demasiadamente na decisão?


Tal como destacou o professor John Dewy, em nossa vida cotidiana estamos preocupados principalmente com o passo seguinte. [...] De fato, nós não podemos descobrir qual das alternativas nos conduzirá ao fim desejado sem que imaginemos o ato como já realizado. Então temos que nos colocar mentalmente em um estado de coisas futuro que consideramos como já realizado, ainda que realizá-lo seja o fim de nossa ação contemplada. Somente mediante a consideração do ato como já realizado é que podemos julgar se os meios imaginados para realizar tal resultado serão ou não apropriados, ou se o fim almejado realmente está de acordo com o plano geral de nossa vida. Eu gosto de chamar essa técnica de deliberação de "pensamento no futuro perfeito". Mas existe uma grande diferença entre a ação realmente realizada e aquela que apenas se imagina como realizada. O ato realmente realizado é irrevogável e é preciso lidar com suas consequências, quer ela tenha sido bem-sucedido, quer não. A imaginação é sempre revogável, e pode ser revisada muitas vezes. Portanto, simplesmente ao ensaiar vários projetos eu já posso atribuir a cada um deles diferentes probabilidades de sucesso, mas jamais posso ficar desapontado por seu fracasso.
Alfred Schutz in: Sobre Fenomenologia e Relações Sociais, p. 149.

Sobre aquilo que nos cansa... ou nos move.

"Muitas pessoas pensam que estão a pensar quando estão apenas a re-arrumar os seus preconceitos." ~ William James

As redes sociais são uma coisa engraçada. Dependendo das pessoas a quem estamos, de alguma forma, conectadas, a gente já sabe que alguns assuntos vão aparecer em meio as nossas notificações até não aguentarmos mais. Nos últimos 12 meses, os "trending topics" foram desde médicos cubanos, eleições, PT e manifestações até a alta do dólar, Festival de Jerez e refugiados sírios, na última semana.

Já houve época em que me aborreci com grosserias, manifestações de ignorância, intolerância, cinismo, provocação e preconceito destilado por conhecid@s e amig@s. No último grupo, a situação é um pouquinho mais delicada, pois normalmente a estima que temos pelas pessoas é tamanha que preferimos fingir que não lemos certas coisas para não perdermos parte do afeto que nos une. 

No caso das pessoas conhecidas, confesso que não tenho mais energia para ficar escrevendo, argumentando, lendo e respondendo... gosto do debate, acho que a gente sempre cresce de alguma forma. Mas é que tá faltando tempo, de verdade. E o tempo tenho investido com muito carinho para aproveitar as pessoas que realmente são centrais na minha vida, e para tudo que é importante para mim. 

Bem, esses assuntos que começam a ser comentados e analisados por todos nas redes sociais acabam, infelizmente, tornando-se meio cansativos e acabo perdendo o interesse em acompanhar. A sensação que tenho é algumas pessoas tornam-se realmente obcecadas e perturbadas com algumas informações. Não se trata dos temas em si, mas sim da descompensação alheia. Porque nada melhor do que um tema polêmico para conhecermos o lado mais cansativo de uma pessoa, né?

E eis que hoje cedo, eu quaaaaaaase parei para fazer um post no meu mural do FB, sobre o assunto. Li algumas declarações bem preconceituosas de algumas pessoas conhecidas sobre um determinado episódio e fiquei pensando: essas pessoas são inteligentes, bacanas, esclarecidas... por que elas atingiram esse grau de intolerância? E lá estava Patrs tentando encontrar essa resposta. E, claro, a resposta não veio. 

Veio sim, a forte lembrança das minhas motivações de quando entrei no doutorado, minhas inquietações... e percebi que elas continuam aqui. E, na verdade, bateu uma puta saudade do doutorado. Ou talvez um desejo enorme de seguir investigando o tema que me fez candidatar-me à seleção da pós em sociologia.

Pois bem, passei o dia com o assunto na cabeça: as pessoas, a intolerância, o doutorado.... e a vontade de seguir pesquisando. E então à tarde, aproveitei para reler meu antigo projeto, algumas anotações e vi que ainda tenho muita coisa para estudar. E que eu realmente gostaria de pesquisar.

Continuo fascinada pela Escola de Chicago, pela fenomenologia, pelo interacionismo simbólico, pela forma como, a partir dali, podemos chegar na teoria das representações sociais...

Encontrei umas anotações que havia feito há cerca de 3 anos e, entre elas, essa frase de William James com a qual abri o post. Resolvi anotar nos Registros para que eu não perca esse desejo de vista. E que continue animada com alguns projetos que estão guardados na gaveta e que eu gostaria de retomar.

A vida passa muito rápido para ignorarmos aquilo que nos move. Aliás, a vida passa muito rápido para não aproveitarmos nosso precioso tempo estando com quem amamos e fazendo o que nos faz bem.

E assim terminei meu lindo feriado: com uma paz no coração por ter tomado a decisão certa hoje cedo, em ignorar algumas bobagens que andei lendo, por ter dito às pessoas importantes algumas das palavras de carinho que elas merecem ouvir sempre, por ter finalmente tomado a decisão de aprender a tocar violão (pasmem!), por ter acertado na receita do delicioso ratatouille que preparei no almoço, por ter escutado flamenco bem alto enquanto cozinhava, por ter estado exatamente onde eu desejava estar. Em casa.


Aqui está a prova de que boa música e um feriado supimpa fazem milagres na cozinha!

E, por fim, uma das músicas que rolaram por aqui este 7 de setembro! Eu sei que tinha que ter sido algo mais nacional, mas é que me empolguei com uma playlist jerezana que tenho aqui! 

Jardins de Luz e um Coração de Ouro

Resolvi começar a ler "Jardins de Luz", de Amin Maalouf, hoje...

Por uma incrível proeza do destino, abri sem querer nessa página, enquanto me decidia se iniciaria ou não a leitura, e me deparei com este trecho lindo de viver, perfeito para este setembro que vem chegando com muito carinho!
Como acontecia certas vezes, suas meditações, iniciadas com um monólogo, tomaram a forma de um diálogo com seu alter ego, o "Gêmeo".
- Para tudo o que tenho que fazer quanto tempo terei?
- Sobre isso nada saber-as - disse-lhe o Outro.
- Poderia ao menos saber se disponho ainda de sete anos, se conseguirei atingir a idade do Cristo, de Alexandre?
- Tens a eternidade e o instante, mas e daí? O tempo é uma armadilha das Trevas, não te deixes engabelar. Tua única preocupação deve ser tua missão, cada dia!
- Poderia ao menos saber se verei o fim de minha obra?
- Confia o futuro a mim; caminha, teu destino galopa, distante, a tua frente. As gentes estão impacientes em Beth-Lapat!"
~ Amin Maalouf in: Jardins de Luz, p. 152.
Mandala produzida pela artista Kathy Klein

A música escolhida pro post foi "Heart of Gold", pois estou com ea na cabeça desde o dia do meu aniversário. Foi a primeira música que ouvi na última sexta, enquanto preparara uns muffins veganos para o lanche do final da tarde. Perfeita, não?



Para quem quiser mais informações sobre o livro, aí vai um pedaço da "orelha":

Maomé, Buda e Jesus têm milhões de fiéis. Mani não tem um sequer. Aquele que em seu tempo quis conciliar todas as religiões tornou-se o mais esquecido entre os profetas. O que resta hoje do maniqueísmo, uma das grandes religiões fundadas na Antiguidade e que teve seguidores na Índia, China, África, Itália e sul da Espanha, é a visão deformada de uma luta simplista entre o bem e o mal, resumida em uma palavra próxima ao insulto. O estudo de fontes árabes, persas e armênias renovou o conhecimento a respeito de Mani, e a descoberta de manuscritos escondidos perto de Tebessa - Argélia - trouxe à tona novos dados sobre a vocação deste protagonista de Jardins da Luz. 
O profeta, que foi médico e também pintor, tem a sua vida reconstituída numa história que começa menos de dois séculos após a morte de Cristo. [...]


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