Paris (resumo das férias) Combo



"O lugar para onde o caminho nos levará depende da nossa própria vontade e de nossos pensamentos." 
Marion Zimmer Bradley in: As Brumas de Avalon

Quem convive com virginianos sabe a dificuldade que é para essas ostras saírem de casa.

Ficar em casa é uma das maiores manias cultivadas por alguém regido por um signo de elemento terra.

E, talvez por isso, em véspera de viagem, eu sofra uma semana inteira só em pensar em afastar-me da família, dos gatinhos, de casa, da OF... enfim, da minha rotina. Pode parecer maluquice, mas eu amo minha rotina. hehehe!

Vista da marquise do apartamento que alugamos em Paris. Saudades!

Porém, também amo viajar! E, por isso, fiz um pacto comigo mesma: jamais deixarei minhas angústias pré-viagem atrapalharem meus passeios.

Tem épocas em que não é tão simples assim lidar com meus pensamentos (além de virginiana, sou, diga-se de passagem, muito criativa). Dessa vez, por exemplo. Mas, mesmo com o coração super apertado, eu mantive de pé o plano de viajar de férias para uma cidade que, alguns dias antes, viveu uma situação bastante atípica. Os atentados de 13 de novembro em Paris quase conseguiram minar o tal pacto que eu fiz comigo mesma há alguns anos. Várias preocupações somaram-se dessa vez e confesso que até a vontade de viajar estava indo pro brejo.

Mas graças ao meu super companheiro de viagem e à minha amada família eu não joguei tudo pro alto. Valeu muito a pena! E a eles serei sempre grata! Estas férias vieram em um momento muito crucial da minha vida e me ajudaram a fechar 2015 com muito mais cores, aromas e sabores na memória e no coração.

Porque joanete de bailaora tem que doer todos os dias da viagem 

Este pequeno resumo, embalado por uma música sensacional do grupo Paris Combo, mostra como valeu a pena ter superado o medo de avião, a preocupação com a casa, além de outros assuntos e ir passear um pouco.

As escapadas são fundamentais em nossa vida, sejam elas para pertinho de casa ou um pouco mais longe. O importante é nos lembramos que é possível enxergar a vida com outros olhos e saboreá-la onde quer que a gente esteja.


 

Quando uma cidade te pega pelo coração

Na primeira vez em que estive aqui, não me identifiquei muito com o ritmo dessa cidade.
Na segunda, embora sempre tenha achado Paris linda de viver, continuei achando as pessoas pouco acolhedoras.
Já na terceira vez em que visitei a capital das luzes com minha irmã, um verdadeiro afeto por Paris e seus arrondissements começou a crescer dentro de mim. ♡
Porém, foi justo agora que, contrariando todas as minhas expectativas, Paris conquistou um lugar definitivo no meu coração.


Gratidão enorme por mais essa oportunidade, por todos os momentos incríveis que passamos esses dias todos, pelas pessoas gentis com quem estivemos e por todos que, de alguma forma, me ajudaram a estar aqui. 

Saudades de casa! Contando as horas para chegar e ver todo mundo. Mas também desejando muito perder-me por Paris muitas e muitas outras vezes. Se Deus quiser, em breve!

E nenhum rosto é tão surrealista quanto o rosto verdadeiro de uma cidade. ~ Walter Benjamin

Aproveito para compartilhar este link super legal que conta um pouco sobre como era a cidade no início do século XX. Uma época pela qual eu tenho enorme fascínio!


 

Qualquer caminho leva a toda parte



QUALQUER CAMINHO LEVA A TODA PARTE
[ Fernando Pessoa ]

Qualquer caminho leva a toda parte.
Qualquer ponto é o centro do infinito.
E por isso, qualquer que seja a arte
De ir ou ficar, do nosso corpo ou ‘spr’rito,
Tudo é ‘stático e morto. Só a ilusão
Tem passado e futuro, e nela erramos.
Não há ‘strada senão na sensação
É só através de nós que caminhamos.

Tenhamos p’ra nós mesmos a verdade
De aceitar a ilusão como real
Sem dar crédito à sua realidade.
E, eternos viajantes, sem ideal
Salvo nunca parar, dentro de nós,
Consigamos a viagem sempre nada
Outros eternamente, e sempre sós;
Nossa própria viagem é viajante e ‘strada.

Que importa que a verdade da nossa alma
Seja ainda mentira, e nada seja
A sensação, e essa certeza calma
De nada haver, em nós ou fora, seja
Seja inutilmente a nossa consciência?
Faça-se a absurda viagem sem razão,
Porque a única verdade é a consciência
E a consciência é ainda uma ilusão.

E se há nisto um segredo e uma verdade
Os deuses ou destinos que a demonstrem
Do outro lado da realidade,
Ou nunca a mostrem, se nada há que mostrem
O caminho é de âmbito maior
Que a aparência visível do que está fora,
Excede de todos nós o exterior
Não pára como as cousas, nem tem hora.

Ciência? Consciência? Pó que a ‘strada deixa
E é a própria ‘strada, sem ‘strada ser.
É absurda a oração, é absurda a queixa.
Resignar(- se) é tão falso como ter.
Coexistir? Com quem, se estamos sós?
Quem sabe? Sabe o que é ou quem são?
Quantos cabemos dentro de nós?
Ir é ser. Não parar é ter razão.

11-10-1919

******

Talvez esta música já tenha passado por aqui, mas hoje a escutei e um turbilhão de coisas me vieram à mente. Não sei se pela música ou pelo que eu estava fazendo no momento.


Verde que te quero...

Esta foi a música da semana. A escutamos (e cantamos) todos os dias nas aulas do curso Especial Tertúlia Flamenca. 

Na verdade, a escolha se deu por motivos bem concretos. A pessoa aqui está tentando aprender a tocar violão. Mesmo tendo assistido a poucas aulas, estou apaixonada e, pouco a pouco, a insegurança por ser canhota e achar que jamais conseguiria tocar o dito instrumento vai diminuindo. 

Recentemente, comecei a praticar uma batida bastante utilizada nas rumbas gitanas. Mas como ainda toco devagar, fiquei procurando uma rumbinha beeeem lenta para praticar. Eis que me lembro dessa enquanto preparava o conteúdo do intensivo que estou dando esta semana.

Arte: João Lauro Fonte
Voilá! Com letra e tudo, as alunas estão animadas para tentarmos (só tentarmos meeesssmo) ter música ao vivo no encerramento do curso! 

Claro que a Ana será o violão principal! hahaha! Mas estou me empenhando para acompanhar decentemente!

No mais, só posso afirmar que estou amando esta semana de intensivos na OF! Estamos nos divertindo muito e, mesmo cansada fisicamente (essa "ressaca" pós-espetáculo é punk), me sinto muito grata por poder fazer o que mais amo. 


Viajo na próxima semana, mas já pensando nos cursos que darei quando voltar. Sinto uma falta danada quando não estou na escola. 

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