Sobre aquilo que nos cansa... ou nos move.

"Muitas pessoas pensam que estão a pensar quando estão apenas a re-arrumar os seus preconceitos." ~ William James

As redes sociais são uma coisa engraçada. Dependendo das pessoas a quem estamos, de alguma forma, conectadas, a gente já sabe que alguns assuntos vão aparecer em meio as nossas notificações até não aguentarmos mais. Nos últimos 12 meses, os "trending topics" foram desde médicos cubanos, eleições, PT e manifestações até a alta do dólar, Festival de Jerez e refugiados sírios, na última semana.

Já houve época em que me aborreci com grosserias, manifestações de ignorância, intolerância, cinismo, provocação e preconceito destilado por conhecid@s e amig@s. No último grupo, a situação é um pouquinho mais delicada, pois normalmente a estima que temos pelas pessoas é tamanha que preferimos fingir que não lemos certas coisas para não perdermos parte do afeto que nos une. 

No caso das pessoas conhecidas, confesso que não tenho mais energia para ficar escrevendo, argumentando, lendo e respondendo... gosto do debate, acho que a gente sempre cresce de alguma forma. Mas é que tá faltando tempo, de verdade. E o tempo tenho investido com muito carinho para aproveitar as pessoas que realmente são centrais na minha vida, e para tudo que é importante para mim. 

Bem, esses assuntos que começam a ser comentados e analisados por todos nas redes sociais acabam, infelizmente, tornando-se meio cansativos e acabo perdendo o interesse em acompanhar. A sensação que tenho é algumas pessoas tornam-se realmente obcecadas e perturbadas com algumas informações. Não se trata dos temas em si, mas sim da descompensação alheia. Porque nada melhor do que um tema polêmico para conhecermos o lado mais cansativo de uma pessoa, né?

E eis que hoje cedo, eu quaaaaaaase parei para fazer um post no meu mural do FB, sobre o assunto. Li algumas declarações bem preconceituosas de algumas pessoas conhecidas sobre um determinado episódio e fiquei pensando: essas pessoas são inteligentes, bacanas, esclarecidas... por que elas atingiram esse grau de intolerância? E lá estava Patrs tentando encontrar essa resposta. E, claro, a resposta não veio. 

Veio sim, a forte lembrança das minhas motivações de quando entrei no doutorado, minhas inquietações... e percebi que elas continuam aqui. E, na verdade, bateu uma puta saudade do doutorado. Ou talvez um desejo enorme de seguir investigando o tema que me fez candidatar-me à seleção da pós em sociologia.

Pois bem, passei o dia com o assunto na cabeça: as pessoas, a intolerância, o doutorado.... e a vontade de seguir pesquisando. E então à tarde, aproveitei para reler meu antigo projeto, algumas anotações e vi que ainda tenho muita coisa para estudar. E que eu realmente gostaria de pesquisar.

Continuo fascinada pela Escola de Chicago, pela fenomenologia, pelo interacionismo simbólico, pela forma como, a partir dali, podemos chegar na teoria das representações sociais...

Encontrei umas anotações que havia feito há cerca de 3 anos e, entre elas, essa frase de William James com a qual abri o post. Resolvi anotar nos Registros para que eu não perca esse desejo de vista. E que continue animada com alguns projetos que estão guardados na gaveta e que eu gostaria de retomar.

A vida passa muito rápido para ignorarmos aquilo que nos move. Aliás, a vida passa muito rápido para não aproveitarmos nosso precioso tempo estando com quem amamos e fazendo o que nos faz bem.

E assim terminei meu lindo feriado: com uma paz no coração por ter tomado a decisão certa hoje cedo, em ignorar algumas bobagens que andei lendo, por ter dito às pessoas importantes algumas das palavras de carinho que elas merecem ouvir sempre, por ter finalmente tomado a decisão de aprender a tocar violão (pasmem!), por ter acertado na receita do delicioso ratatouille que preparei no almoço, por ter escutado flamenco bem alto enquanto cozinhava, por ter estado exatamente onde eu desejava estar. Em casa.


Aqui está a prova de que boa música e um feriado supimpa fazem milagres na cozinha!

E, por fim, uma das músicas que rolaram por aqui este 7 de setembro! Eu sei que tinha que ter sido algo mais nacional, mas é que me empolguei com uma playlist jerezana que tenho aqui! 

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