Paris (resumo das férias) Combo



"O lugar para onde o caminho nos levará depende da nossa própria vontade e de nossos pensamentos." 
Marion Zimmer Bradley in: As Brumas de Avalon

Quem convive com virginianos sabe a dificuldade que é para essas ostras saírem de casa.

Ficar em casa é uma das maiores manias cultivadas por alguém regido por um signo de elemento terra.

E, talvez por isso, em véspera de viagem, eu sofra uma semana inteira só em pensar em afastar-me da família, dos gatinhos, de casa, da OF... enfim, da minha rotina. Pode parecer maluquice, mas eu amo minha rotina. hehehe!

Vista da marquise do apartamento que alugamos em Paris. Saudades!

Porém, também amo viajar! E, por isso, fiz um pacto comigo mesma: jamais deixarei minhas angústias pré-viagem atrapalharem meus passeios.

Tem épocas em que não é tão simples assim lidar com meus pensamentos (além de virginiana, sou, diga-se de passagem, muito criativa). Dessa vez, por exemplo. Mas, mesmo com o coração super apertado, eu mantive de pé o plano de viajar de férias para uma cidade que, alguns dias antes, viveu uma situação bastante atípica. Os atentados de 13 de novembro em Paris quase conseguiram minar o tal pacto que eu fiz comigo mesma há alguns anos. Várias preocupações somaram-se dessa vez e confesso que até a vontade de viajar estava indo pro brejo.

Mas graças ao meu super companheiro de viagem e à minha amada família eu não joguei tudo pro alto. Valeu muito a pena! E a eles serei sempre grata! Estas férias vieram em um momento muito crucial da minha vida e me ajudaram a fechar 2015 com muito mais cores, aromas e sabores na memória e no coração.

Porque joanete de bailaora tem que doer todos os dias da viagem 

Este pequeno resumo, embalado por uma música sensacional do grupo Paris Combo, mostra como valeu a pena ter superado o medo de avião, a preocupação com a casa, além de outros assuntos e ir passear um pouco.

As escapadas são fundamentais em nossa vida, sejam elas para pertinho de casa ou um pouco mais longe. O importante é nos lembramos que é possível enxergar a vida com outros olhos e saboreá-la onde quer que a gente esteja.


 

Quando uma cidade te pega pelo coração

Na primeira vez em que estive aqui, não me identifiquei muito com o ritmo dessa cidade.
Na segunda, embora sempre tenha achado Paris linda de viver, continuei achando as pessoas pouco acolhedoras.
Já na terceira vez em que visitei a capital das luzes com minha irmã, um verdadeiro afeto por Paris e seus arrondissements começou a crescer dentro de mim. ♡
Porém, foi justo agora que, contrariando todas as minhas expectativas, Paris conquistou um lugar definitivo no meu coração.


Gratidão enorme por mais essa oportunidade, por todos os momentos incríveis que passamos esses dias todos, pelas pessoas gentis com quem estivemos e por todos que, de alguma forma, me ajudaram a estar aqui. 

Saudades de casa! Contando as horas para chegar e ver todo mundo. Mas também desejando muito perder-me por Paris muitas e muitas outras vezes. Se Deus quiser, em breve!

E nenhum rosto é tão surrealista quanto o rosto verdadeiro de uma cidade. ~ Walter Benjamin

Aproveito para compartilhar este link super legal que conta um pouco sobre como era a cidade no início do século XX. Uma época pela qual eu tenho enorme fascínio!


 

Qualquer caminho leva a toda parte



QUALQUER CAMINHO LEVA A TODA PARTE
[ Fernando Pessoa ]

Qualquer caminho leva a toda parte.
Qualquer ponto é o centro do infinito.
E por isso, qualquer que seja a arte
De ir ou ficar, do nosso corpo ou ‘spr’rito,
Tudo é ‘stático e morto. Só a ilusão
Tem passado e futuro, e nela erramos.
Não há ‘strada senão na sensação
É só através de nós que caminhamos.

Tenhamos p’ra nós mesmos a verdade
De aceitar a ilusão como real
Sem dar crédito à sua realidade.
E, eternos viajantes, sem ideal
Salvo nunca parar, dentro de nós,
Consigamos a viagem sempre nada
Outros eternamente, e sempre sós;
Nossa própria viagem é viajante e ‘strada.

Que importa que a verdade da nossa alma
Seja ainda mentira, e nada seja
A sensação, e essa certeza calma
De nada haver, em nós ou fora, seja
Seja inutilmente a nossa consciência?
Faça-se a absurda viagem sem razão,
Porque a única verdade é a consciência
E a consciência é ainda uma ilusão.

E se há nisto um segredo e uma verdade
Os deuses ou destinos que a demonstrem
Do outro lado da realidade,
Ou nunca a mostrem, se nada há que mostrem
O caminho é de âmbito maior
Que a aparência visível do que está fora,
Excede de todos nós o exterior
Não pára como as cousas, nem tem hora.

Ciência? Consciência? Pó que a ‘strada deixa
E é a própria ‘strada, sem ‘strada ser.
É absurda a oração, é absurda a queixa.
Resignar(- se) é tão falso como ter.
Coexistir? Com quem, se estamos sós?
Quem sabe? Sabe o que é ou quem são?
Quantos cabemos dentro de nós?
Ir é ser. Não parar é ter razão.

11-10-1919

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Talvez esta música já tenha passado por aqui, mas hoje a escutei e um turbilhão de coisas me vieram à mente. Não sei se pela música ou pelo que eu estava fazendo no momento.


Verde que te quero...

Esta foi a música da semana. A escutamos (e cantamos) todos os dias nas aulas do curso Especial Tertúlia Flamenca. 

Na verdade, a escolha se deu por motivos bem concretos. A pessoa aqui está tentando aprender a tocar violão. Mesmo tendo assistido a poucas aulas, estou apaixonada e, pouco a pouco, a insegurança por ser canhota e achar que jamais conseguiria tocar o dito instrumento vai diminuindo. 

Recentemente, comecei a praticar uma batida bastante utilizada nas rumbas gitanas. Mas como ainda toco devagar, fiquei procurando uma rumbinha beeeem lenta para praticar. Eis que me lembro dessa enquanto preparava o conteúdo do intensivo que estou dando esta semana.

Arte: João Lauro Fonte
Voilá! Com letra e tudo, as alunas estão animadas para tentarmos (só tentarmos meeesssmo) ter música ao vivo no encerramento do curso! 

Claro que a Ana será o violão principal! hahaha! Mas estou me empenhando para acompanhar decentemente!

No mais, só posso afirmar que estou amando esta semana de intensivos na OF! Estamos nos divertindo muito e, mesmo cansada fisicamente (essa "ressaca" pós-espetáculo é punk), me sinto muito grata por poder fazer o que mais amo. 


Viajo na próxima semana, mas já pensando nos cursos que darei quando voltar. Sinto uma falta danada quando não estou na escola. 

Rock, boatos e notícias desastradas


Faltando praticamente uma semana para o espetáculo da OF e a veia sociológica volta a pulsar com força enquanto observo com estarrecimento o surto coletivo que estamos vendo nos últimos dias nas redes sociais em virtude dos recentes acontecimentos. 

Qual a responsabilidade dos meios de comunicação na disseminação de tanto amargor? É muita responsabilidade. Pensem na quantidade de besteira sendo difundida e em como as pessoas que não se dão ao trabalho de pesquisar ou confirmar os boatos, no fim das contas, contribuem também para replicar desinformação.

Uma boa forma de evitar cair em certos contos do vigário é investir alguns minutos confirmando as notícias que lemos ou, ao menos, acessando diferentes portais de informação para observarmos os distintos tons que são dados na hora de divulgar os mais diversos acontecimentos.

“A mídia não cobre mais os acontecimentos. Ela gera versões e tenta transformá-las em verdade”, Laymert Garcia dos Santos (sociólogo)


Apenas acrescentando que, além de jornalistas sensacionalistas e medíocres, vários sites ainda ajudam a piorar as coisas ao compartilharem boatos e coisas afins que em nada ajudam o planeta. Pelo contrário, apenas aumentam o medo, o ódio e a intolerância.

Por falar em "notícias" atrapalhadas, aí vai um pouco de The Go Getters para embalar a leitura desta pequena matéria publicada pelo site boatos.org. Dá para termos uma ideia do grau de desinformação que vem sendo propagada mundo afora!!!

 

Despretensiosamente

Despretensiosamente, deixo aqui uma brevíssima reflexão sobre a vida em sociedade.


As pessoas tem sérios problemas para expressar suas opiniões.
As pessoas desejam a paz, mas destilam ódio e preconceito por meio de suas palavras e atitudes.
Colocar-se no lugar do outro parece ser algo que o ser humano desaprendeu.
Ao que tudo indica, quanto maior o medo, inversamente proporcional é a razão.
O mesmo vale para o bom senso. Este "filtro" parece ter sido desativado por boa parte das pessoas.
A imprensa elege quais sofrimentos são merecedores de cobertura em tempo real, embora todos eles sejam trágicos e lamentáveis.
A violência gera sim mais violência.
Parte considerável das mazelas do mundo é resultante de atitudes políticas desastrosas de longuíssima data, além de ciclos intermináveis de sofrimento e ódio que se retroalimentam por vias distintas, entre elas, fissuras sociais, jogos de poder, disputas geopolíticas etc.
Mas ainda assim parece ser mais cômodo acreditar que a "barbárie" existe graças às diferenças religiosas. Estranho vivermos em um mundo tão complexo cercados por gente com um pensamento muitas vezes tão linear, não?

 

Paixão de novembro, dias secos e planos em curso


E eis que enquanto a chuva não vem, a gente vive uma primavera atípica na capital federal. E não é que novembro acabou rendendo uma nova paixão musical? Lord Huron embalando planos em curso e novos projetos. Bons ventos soprando, após um inverno um tanto quanto exaustivo.

"O veneno da intriga, com seus deploráveis malefícios, passa bem longe de mim. É princípio entre os siameses. Todas as minhas ações são inspiradas pela sinceridade dos meus propósitos e pela gratidão que devo aos que me tratam bem." ~ Malba Tahan (Novas Lendas Orientais, p. 160)











Que seja infinito o que nos faz bem

Cada vez mais adepta do pensamento de que "menos é mais" e uma vida simples é exatamente o que eu desejo para mim.



Ontem, li um texto bem interessante chamado "Como consumir menos e praticar o Lowsumerism", que havia sido compartilhado na página "Um ano sem lixo", no Facebook, dica da querida Claudia.

Nem sabia que existia a expressão Lowsumerism, que remete a manifestação de uma "nova" consciência em relação ao consumo e que rejeita os excessos.

Normalmente espera-se que a gente tenha um emprego bacana, um imóvel legal, um carro do ano. Ah, e que tenha filhos rsrsrs. Mas quantas pessoas realmente, após batalharem anos a fio para criar essa imagem de sucesso, sentem-se realmente realizadas? Eu conheço poucas. Muito poucas, na verdade. A maioria está sempre reclamando, lamentando uma série de decisões que foram tomadas ao longo da vida e alegam que agora é tarde para dar um novo rumo a ela.

Isso, pra falar a verdade, sempre me deixou muito pra baixo. Ver pessoas perderem o brilho e a alegria e tornando-se burocratas insatisfeitos com seu trabalho, consumidores compulsivos ou torrarem dinheiro com coisas esdrúxulas apenas porque "podem" e "trabalharam muito" para merecer aquilo.

Ao longo de todos esses anos conciliando a duras penas duas atividades profissionais, a de socióloga que atua em pesquisas sobre políticas públicas e a de professora de dança flamenca (e sócia proprietária da OF), eu pude observar que muitas vezes as pessoas (eu também, em alguns casos) estão tão chateadas com o que elas fazem que encontram no consumo uma forma de compensação para tantas frustrações.

Daí entram num ciclo difícil de ser rompido: para sentirem que tanto sacrifício vale a pena, elas começam a consumir tudo que pudermos imaginar. "Presenteiam-se" com muitos presentes caros, restaurantes chiques (onde nem sempre a comida é tão boa, mas é phynna), viagens cada vez mais dispendiosas, roupas de grife e por aí vai. Mas para manter esse padrão de vida, quase sempre precisam trabalhar ainda mais e, como muita gente não trabalha com o que gosta verdadeiramente, elas vão ficando cada vez mais cansadas e desanimadas. E, infelizmente, sentem cada vez mais necessidade de consumir, pois esta é sua válvula de escape.

Há alguns anos, me propus o desafio de investir mais na qualidade de vida e menos na necessidade de provar que sou bem sucedida. 

Dei início ao processo de aprender a focar cada vez mais no que me faz feliz e menos no que as pessoas esperam de nós. E isso, em última instância, significa viver uma vida mais simples. Beeeem mais simples. Mas, apaixonante! 

Não sei até quando será possível manter este delicado equilíbrio entre fazer o que se ama e aceitar o fato de que, para isso, temos que assumir riscos maiores do ponto de vista emocional e financeiro. 

Consequentemente, a necessidade de planejamento e disciplina aumentam. Mas tem valido a pena e espero, de coração, que eu tenha saúde e determinação suficientes para não me abalar naqueles momentos em que a vida nos sacode tanto a ponto de querermos nos apegar a uma âncora que nos dê segurança.

Há algumas âncoras que nos prendem no mesmo lugar por todo o sempre e, na minha opinião, essa prisão - embora tenha seu lado bom - também nos apaga de várias maneiras.

Ontem, enquanto lia o texto sobre uma vida mais simples, me lembrei de Zugmunt Bauman quando fala sobre a dicotomia "segurança x liberdade". Este tema aparece em vários livros e entrevistas, mas selecionei este aqui para terminar o post. 

"Então, minhas conclusões são duas. Em primeiro lugar, você nunca encontrará uma solução perfeita do dilema entre segurança e liberdade. Sempre haverá muito de uma e muito pouco da outra, certo? E a segunda é que você nunca irá parar de procurar essa mina de ouro".



Ahhhhhh, como este é um blog de registros musicais, escolhi esta música de Alceu Valença tão e simplesmente por causa dessa frase linda:


"Tantos balanços de rede

No sonho de um sonhador"

Dança, cultura e devaneios



Por uma semana de sonhos e devaneios....


Eu não sou uma sonhadora. Só devaneio para alcançar a realidade.
Clarice Lispector






Apaixonada por essas estampas da Eucalol Série 292 "As Danças Através do Mundo".


Para ver todas elas e as descrições, acesse o site Cultura e Conhecimento e navegue sem moderação!

Quer música mais apropriada para embalar a segunda-feira?




Aproveito para complementar o post compartilhando também a versão original, a qual, descobri esta semana, era a música preferida da minha querida aluna Anna quando criança. :)



Eucalol foi uma empresa de produtos de higiene pessoal brasileira, fundada no Rio de Janeiro pelos irmãos alemães Paulo e Ricardo Stern. Era mais conhecida por seu sabonete que, feito de eucalipto e apresentando uma coloração verde, causou no público da época certo estranhamento. Isso fez com que os empresários resolvessem inovar e lançar no mercado estampas colecionáveis junto ao sabonete, prática que se tornou um grande sucesso entre os consumidores.

As inesquecíveis estampas acompanhavam as embalagens do sabonete Eucalol, circulando no Rio de Janeiro por três décadas, entre 1930 e 1960. Impressas em cartão formato 6x9, apresentavam na frente desenhos com temas variados e no verso um texto explicativo. Elas participavam do cotidiano de crianças e adolescente que privilegiavam as “figurinhas” instrutivas, que ao longo de 54 temas, conduziam-nos por viagens imaginárias entre animais pré-históricos, peixes das profundezas oceânicas, índios do Brasil e episódios da história brasileira.

Permaneceu no mercado até a década de 1970.

Fonte: Wikipédia 

Planos para o feriado

Planos para o feriado: tocar violão *-*
Pequena lista de coisas para fazer no feriado...

Ler, ler, ler (ainda com uma pilha de livros de flamenco para colocar em dia). 
Escutar Renato Godá enquanto preparo alguma receita nova. 
Praticar os novos exercícios de violão (literalmente apaixonada). 
Corujar minha sobrinha (simplesmente o ser mais lindo que eu já vi na vida). 
Curtir o trio felino maravilha. 

Não necessariamente nessa mesma ordem...

A vida pode ser mágica mesmo nos momentos mais simples.









O beijo libanês, o bolo amarelo e o outubro rosa



Esta música, aqui interpretada pela talentosa Montse Cortés acompanhada por Javier Limón, é uma famosa música (Bint Al Shalabia para uns, Kamtar zan shane para outros) já gravada por dezenas de artistas (seja apenas instrumental, cantada em árabe ou em outro idioma). É, digamos, um clássico da música oriental.

A escolhi porque, além de linda, é leve, tem um quê de feminina e achei que combinaria bem para abrir o mês de outubro, conhecido pela importante campanha de combate ao câncer de mama, e também para aproveitar o pretexto do título e passar a receita de um bolo tipicamente libanês que eu preparei para um encontro que tivemos na minha escola de dança semana passada e que agradou a muita gente!





Fiquei especialmente feliz porque o Sfouf (nome do bolo, em árabe), além de remeter às minhas origens, pode ser veganizado - assim como na receita que eu costumo preparar. Basta trocar o leite de vaca por qualquer outro leite vegetal. Eu já testei com leite de soja, de aveia, de arroz e de amêndoas. Sempre dá certo, embora o preparo com leite de soja exige que o bolo fique beeeeem assado para evitar que ele azede antes do tempo. Vide passo a passo ao final do post. 

Sobre a música, uma última informação. Ela faz parte do álbum Mujeres de Agua, produzido pelo próprio Javier Limón e é um tributo lindo de viver às mulheres iranianas que são proibidas de cantar em público e gravar discos. Mas tenho certeza de que um dia isso tudo muda! As pequenas grandes conquistas são celebradas por mulheres em todo o mundo, cada qual em intensidades diferentes, mas igualmente importantes.

Já que não dá para fazer um bolo ouvindo apenas uma única música, escolhi outras duas do mesmo álbum! Lindas, não?




Vamos à receita?

Sfouf 
(bolo libanês feito à base de cúrcuma)



Pre-aqueça o forno a 180ºC.

Em uma vasilha, misturar (primeiro os secos, depois acrescentar os ingredientes molhados):

- 300 g de farinha de trigo
- 100 g de semolina
- 225 g de açúcar
- 1 colher chá de cúrcuma (também conhecida como açafrão da terra, vende em qualquer supermercado, na prateleira de temperos)
- 2 colheres chá de fermento em pó
- 1 xícara e 1/2 de leite vegetal (pode usar um pouco menos e, se achar que a consistência está muito grossa, adicionar o restante paulatinamente)
- 1/3 xícara de óleo vegetal

Observações:
- há quem adicione mais cúrcuma à receita, vai do gosto de cada um.
- a maior parte das receitas que eu pesquisei incluem a erva-doce na massa (outra opção é aromatizar o leite com a erva doce e depois usá-lo na receita). Como eu não sou fã de erva-doce, eu faço o meu bolo sem.
- pode usar o leite de vaca normal, mas é que eu não compro aqui em casa.

Preparo:

Mexer com uma colher grande até a mistura ficar bastante homogênea. Passar a mistura para um tabuleiro untado e enfarinhado (as receitas originais sugerem untar com tahine e não enfarinham. Como eu uso um tabuleiro redondo de ferro fundido e esmaltado, eu não unto nem enfarinho). Como decoração, pode-se utilizar amêndoas sem pele, amêndoas em lasca, snoubar ou gergelim.

Levar para assar por aproximadamente 20 a 25 minutos, dependendo do forno.

Retirar do forno quando ele estiver bem moreninho por cima e, ao enfiar um garfo ou palito no centro do bolo, perceber que ele está sequinho.

Deixar esfriar antes de cortar (super importante para que ele não quebre). O formato do corte é aquele em losangos como na foto.


Esta foi o primeiro sfouf que eu fiz.
No dia em que preparei não tinha amêndoas, então usei gergelim por cima.





Apaixonada por violão

Esta semana, uma amiga de Facebook me convidou para postar a primeira música que me viesse à mente e Capricho Árabe, de Francisco Tárrega, foi uma delas.

Digo uma delas, pois não consigo lembrar-me de Tárrega sem recordar também a Enrique Granados, mais especificamente Dança Espanhola n.5.


A música é o tipo de arte mais perfeita: nunca revela o seu último segredo.
 ~ Oscar Wilde

Escolhi este vídeo, pois estou na fase "aprendendo violão (sem pressa)" e passei o final de semana assistindo a vários vídeos. Este está entre os que me impressionaram muito. A linda violonista Tatyana Ryzhkova toca com uma naturalidade e entrega que emocionam.

Como eu sou realmente apaixonada por violão clássico e o canal da artista no youtube possui vários vídeos, resolvi deixar registrado aqui mais alguns para não esquecer-me da dica musical. Espero que vocês também gostem!



Ensemble Aromates para um domingo de quase primavera

Passar o domingo literalmente de molho em casa foi, definitivamente, necessário e super proveitoso. 

Esta semana começa a primavera, provavelmente, a minha estação preferida! Começam também os ensaios e, com eles, a correria para preparar nosso novo espetáculo. Ademais, os próximos dias serão para tomar algumas decisões importantes. Sem falar na florzinha mais linda de todas que está chegando!!! Vem, Ciçaaaaaa!! 


"Prometi seguir na mesma direção tão logo a primavera desabrochasse e os campos se cobrissem de flores" Jack Kerouac - On the Road.

Agora há pouco, enquanto fazia um pequeno check list para a semana, escutava um CD simplesmente maravilhoso do Ensemble Aromates que havia sido recomendado pela querida amiga Elisa, autora do blog De al-Andalus a Sefarad. 

Essa música é a minha favorita, dessas que escuto até não poder mais. Como não jurar, ainda que por alguns minutos, que estamos em outro lugar e em outra época, bem longe daqui?

 


Tem música que é pra gente...


Hoje, ao voltar pra casa após dar uma aula de dança na hora do almoço, encontrei guardado no porta trecos do carro este cd da Putumayo: A Mediterranean Odyssey. Acho que não há nenhuma música ali que eu não goste. Curto o álbum do início do ao fim. Mas esta música de Luis Delgado em especial é um encanto!

 

Outra das minhas favoritas é uma interpretada por María Salgado, intitulada "Solo por miedo". Curiosamente, enquanto me peguei preocupada com uma importante decisão que preciso tomar até este final de semana, a letra dizia o seguinte: 

Una vida más tarde comprenderemos
que la vida perdimos solo por miedo.

Coincidência ou um recado para que eu não deixe a preocupação influenciar demasiadamente na decisão?


Tal como destacou o professor John Dewy, em nossa vida cotidiana estamos preocupados principalmente com o passo seguinte. [...] De fato, nós não podemos descobrir qual das alternativas nos conduzirá ao fim desejado sem que imaginemos o ato como já realizado. Então temos que nos colocar mentalmente em um estado de coisas futuro que consideramos como já realizado, ainda que realizá-lo seja o fim de nossa ação contemplada. Somente mediante a consideração do ato como já realizado é que podemos julgar se os meios imaginados para realizar tal resultado serão ou não apropriados, ou se o fim almejado realmente está de acordo com o plano geral de nossa vida. Eu gosto de chamar essa técnica de deliberação de "pensamento no futuro perfeito". Mas existe uma grande diferença entre a ação realmente realizada e aquela que apenas se imagina como realizada. O ato realmente realizado é irrevogável e é preciso lidar com suas consequências, quer ela tenha sido bem-sucedido, quer não. A imaginação é sempre revogável, e pode ser revisada muitas vezes. Portanto, simplesmente ao ensaiar vários projetos eu já posso atribuir a cada um deles diferentes probabilidades de sucesso, mas jamais posso ficar desapontado por seu fracasso.
Alfred Schutz in: Sobre Fenomenologia e Relações Sociais, p. 149.

Sobre aquilo que nos cansa... ou nos move.

"Muitas pessoas pensam que estão a pensar quando estão apenas a re-arrumar os seus preconceitos." ~ William James

As redes sociais são uma coisa engraçada. Dependendo das pessoas a quem estamos, de alguma forma, conectadas, a gente já sabe que alguns assuntos vão aparecer em meio as nossas notificações até não aguentarmos mais. Nos últimos 12 meses, os "trending topics" foram desde médicos cubanos, eleições, PT e manifestações até a alta do dólar, Festival de Jerez e refugiados sírios, na última semana.

Já houve época em que me aborreci com grosserias, manifestações de ignorância, intolerância, cinismo, provocação e preconceito destilado por conhecid@s e amig@s. No último grupo, a situação é um pouquinho mais delicada, pois normalmente a estima que temos pelas pessoas é tamanha que preferimos fingir que não lemos certas coisas para não perdermos parte do afeto que nos une. 

No caso das pessoas conhecidas, confesso que não tenho mais energia para ficar escrevendo, argumentando, lendo e respondendo... gosto do debate, acho que a gente sempre cresce de alguma forma. Mas é que tá faltando tempo, de verdade. E o tempo tenho investido com muito carinho para aproveitar as pessoas que realmente são centrais na minha vida, e para tudo que é importante para mim. 

Bem, esses assuntos que começam a ser comentados e analisados por todos nas redes sociais acabam, infelizmente, tornando-se meio cansativos e acabo perdendo o interesse em acompanhar. A sensação que tenho é algumas pessoas tornam-se realmente obcecadas e perturbadas com algumas informações. Não se trata dos temas em si, mas sim da descompensação alheia. Porque nada melhor do que um tema polêmico para conhecermos o lado mais cansativo de uma pessoa, né?

E eis que hoje cedo, eu quaaaaaaase parei para fazer um post no meu mural do FB, sobre o assunto. Li algumas declarações bem preconceituosas de algumas pessoas conhecidas sobre um determinado episódio e fiquei pensando: essas pessoas são inteligentes, bacanas, esclarecidas... por que elas atingiram esse grau de intolerância? E lá estava Patrs tentando encontrar essa resposta. E, claro, a resposta não veio. 

Veio sim, a forte lembrança das minhas motivações de quando entrei no doutorado, minhas inquietações... e percebi que elas continuam aqui. E, na verdade, bateu uma puta saudade do doutorado. Ou talvez um desejo enorme de seguir investigando o tema que me fez candidatar-me à seleção da pós em sociologia.

Pois bem, passei o dia com o assunto na cabeça: as pessoas, a intolerância, o doutorado.... e a vontade de seguir pesquisando. E então à tarde, aproveitei para reler meu antigo projeto, algumas anotações e vi que ainda tenho muita coisa para estudar. E que eu realmente gostaria de pesquisar.

Continuo fascinada pela Escola de Chicago, pela fenomenologia, pelo interacionismo simbólico, pela forma como, a partir dali, podemos chegar na teoria das representações sociais...

Encontrei umas anotações que havia feito há cerca de 3 anos e, entre elas, essa frase de William James com a qual abri o post. Resolvi anotar nos Registros para que eu não perca esse desejo de vista. E que continue animada com alguns projetos que estão guardados na gaveta e que eu gostaria de retomar.

A vida passa muito rápido para ignorarmos aquilo que nos move. Aliás, a vida passa muito rápido para não aproveitarmos nosso precioso tempo estando com quem amamos e fazendo o que nos faz bem.

E assim terminei meu lindo feriado: com uma paz no coração por ter tomado a decisão certa hoje cedo, em ignorar algumas bobagens que andei lendo, por ter dito às pessoas importantes algumas das palavras de carinho que elas merecem ouvir sempre, por ter finalmente tomado a decisão de aprender a tocar violão (pasmem!), por ter acertado na receita do delicioso ratatouille que preparei no almoço, por ter escutado flamenco bem alto enquanto cozinhava, por ter estado exatamente onde eu desejava estar. Em casa.


Aqui está a prova de que boa música e um feriado supimpa fazem milagres na cozinha!

E, por fim, uma das músicas que rolaram por aqui este 7 de setembro! Eu sei que tinha que ter sido algo mais nacional, mas é que me empolguei com uma playlist jerezana que tenho aqui! 

Jardins de Luz e um Coração de Ouro

Resolvi começar a ler "Jardins de Luz", de Amin Maalouf, hoje...

Por uma incrível proeza do destino, abri sem querer nessa página, enquanto me decidia se iniciaria ou não a leitura, e me deparei com este trecho lindo de viver, perfeito para este setembro que vem chegando com muito carinho!
Como acontecia certas vezes, suas meditações, iniciadas com um monólogo, tomaram a forma de um diálogo com seu alter ego, o "Gêmeo".
- Para tudo o que tenho que fazer quanto tempo terei?
- Sobre isso nada saber-as - disse-lhe o Outro.
- Poderia ao menos saber se disponho ainda de sete anos, se conseguirei atingir a idade do Cristo, de Alexandre?
- Tens a eternidade e o instante, mas e daí? O tempo é uma armadilha das Trevas, não te deixes engabelar. Tua única preocupação deve ser tua missão, cada dia!
- Poderia ao menos saber se verei o fim de minha obra?
- Confia o futuro a mim; caminha, teu destino galopa, distante, a tua frente. As gentes estão impacientes em Beth-Lapat!"
~ Amin Maalouf in: Jardins de Luz, p. 152.
Mandala produzida pela artista Kathy Klein

A música escolhida pro post foi "Heart of Gold", pois estou com ea na cabeça desde o dia do meu aniversário. Foi a primeira música que ouvi na última sexta, enquanto preparara uns muffins veganos para o lanche do final da tarde. Perfeita, não?



Para quem quiser mais informações sobre o livro, aí vai um pedaço da "orelha":

Maomé, Buda e Jesus têm milhões de fiéis. Mani não tem um sequer. Aquele que em seu tempo quis conciliar todas as religiões tornou-se o mais esquecido entre os profetas. O que resta hoje do maniqueísmo, uma das grandes religiões fundadas na Antiguidade e que teve seguidores na Índia, China, África, Itália e sul da Espanha, é a visão deformada de uma luta simplista entre o bem e o mal, resumida em uma palavra próxima ao insulto. O estudo de fontes árabes, persas e armênias renovou o conhecimento a respeito de Mani, e a descoberta de manuscritos escondidos perto de Tebessa - Argélia - trouxe à tona novos dados sobre a vocação deste protagonista de Jardins da Luz. 
O profeta, que foi médico e também pintor, tem a sua vida reconstituída numa história que começa menos de dois séculos após a morte de Cristo. [...]


Deixar ir ao som de Nouvelle Vague

Dejar ir es aceptar tu historia, pero no tu destino. 

Adorei essa frase que li esta tarde. Apareceu para mim no feed de notícias do (nem tão) bom e velho FB em uma página que eu curti há alguns meses chamada La Mente es Maravillosa. A frase é uma chamada para um texto que fala sobre aceitarmos o fato de que pessoas e acontecimentos importantes para nós não precisam fazer parte da nossa vida para sempre. E nem por isso devemos transformar isso em motivo de sofrimento ou desequilíbrio interior, como muitas vezes acontece.


Eu, particularmente (e felizmente), aprendi isso durante meu retorno de saturno (leia-se, entre 28 e 29 anos). Mas o lado maravilhoso de tudo isso é que aprendi a valorizar cada minuto ao lado de pessoas queridas e fundamentais para mim, ciente de que tempo de convivência não é medidor do quão relevantes são certos episódios e/ou relacionamentos em nossa vida.

E assim tudo fica mais leve. Pelo menos para mim.

Sei que tem gente que sofre pacas com a ansiedade gerada pela menor possibilidade de rompimento ou afastamento. E eu mesma, já me peguei em situações bem pontuais ocorridas nos últimos anos envolta nesse tipo de vibe, a qual aprendi a reconhecer e driblar. Ufa! (afinal, já são tantas outras preocupações que ainda tenho que descobrir como lidar nessa vida... mas vamos aprendendo, sempre)

Por isso deixo aqui o link para o texto.

Não é longo.

Dá para ler ao som de Nouvelle Vague e ainda sobra música para ir fazer um café e navegar um pouco na internet. Ou, quem sabe, mandar uma mensagem amável e que irá fazer toda diferença no dia de alguém realmente importante para você? :)

Dejar ir nunca es fácil. Requiere valentía y un convencimiento pleno y seguro de que desprendernos de esa relación, de esa amistad o de esa situación, es algo vital para nuestro equilibrio y felicidad.Saber reconocer la necesidad de cerrar un ciclo es ya de por si un acto de madurez. No obstante, del reconocimiento al acto hay un paso muy duro cargado de tristezas, y de un duelo personal que superar.Dejar ir supone supone en la mayoría de los casos tener que “reconstruirnos”, tener que replantearnos a nosotros mismos, y en muchas ocasiones, incluso partir de cero.Ahora bien, también hemos de tener en cuenta que mucha gente no termina de asumir  y afrontar de forma correcta el fin de un ciclo, de una etapa.Hay quien piensa que dar por finalizada una relación es el punto final a su propia vida. Tras ese adiós y esa separación, ya no hay nada más. Dejar ir es ese acto del destino que echa el telón a su vida afectiva.Debemos tener cuidado con este tipo de pensamientos y actitudes derrotistas. Después de un punto final viene un espacio, y con él, nuevos senderos y oportunidades para ser feliz tal y como nosotros deseamos.
Hoy queremos invitarte a reflexionar sobre ello.

Leia o texto completo aqui:  Dejar ir es aceptar tu historia, pero no tu destino

Em tempos de seca...

Sei que vai ser repetitivo dizer (outra vez) o quanto eu amo esta época do ano.

Enquanto que algumas (para não dizer a maioria das) pessoas reclamam do mês de agosto, eu não me canso de admirar as noites de céu limpo e os dias de ipês amarelos colorindo a cidade. Lembro do meu avô, lembro de um monte de coisa boa que já aconteceu em outros invernos e lembro que o aniversário está chegando.

É tempo de agradecer por mais um ciclo que se fecha e outro que se inicia. Este que está chegando ao fim (ainda faltam alguns dias...) não foi dos mais fáceis. Mas, apesar dos sustos, de "boas" rasteiradas e alguns apertos no coração, foi também de muita surpresa boa, de conquistas, de conhecer a generosidade de onde menos imaginamos e de descobertas maravilhosas (sim, foi vivido intensamente e posso dizer que não me arrependo de nenhuma das decisões que tomei no último ano. Apenas adoraria que Pepé estivesse aqui comigo para eu encher de beijos).


No mais, viva agosto e essa seca que eu tanto amo!

Tá, eu sei: o cabelo fica uma palha, a cabeça dói por causa da baixa umidade e os pés racham. Mas nada que uma saia comprida, umas sandálias e um piquenique no parque não transformem em poesia.

Falando nisso, aproveito para deixar registrado no blog essa música perfeita que eu salvei no Shazam há quase um mês e só agora consegui escutar outra vez. A cantora é curda e o som simplesmente é hipnotizante!



O que a vida está tentando te falar?

Aquietar o coração e tentar ouvir o que a vida está tentando nos falar não é das tarefas mais fáceis.

Normalmente nós estamos preocupados com tanta coisa, envolvidos em tantos projetos que a vida às vezes tem que dar uns gritos meio bizarros para que a gente pare e escute.

Há anos li em um livro que quanto mais a gente ignora esses avisos, maior o susto que tomamos quando nos damos conta do que devíamos ter escutado.

Pensando muito sobre isso esta semana. O fato é que quando a gente se dispõe a escutar nossa voz interior, muito aprendizado vem em seguida. Como cantava Elis...

Nem sempre ganhando
Nem sempre perdendo
Mas aprendendo a jogar

(ou a viver)





A difícil arte de ser simples

Esta manhã encontrei entre os links salvos nos "favoritos" do navegador um texto super interessante a respeito da difícil arte de ser simples. Já havia lido uma vez, gostei e salvei. E me esqueci completamente do texto. Hoje, reli. E, sinceramente, me identifico cada dia mais com essa filosofia de vida. Coloco aqui como registro para não deixá-lo para trás outra vez.



Possivelmente, a arte da simplicidade seja a conquista mais difícil para o indivíduo, pois exige naturalidade e uma boa dose de pureza espiritual na forma como ele se relaciona consigo mesmo e com o mundo à sua volta. ~ Flávio Bastos 

Para embalar a leitura, fica registrada também esta lindíssima versão para Lua Branca, interpretada por Chano Domínguez y Niño Josele, duas feras que também deixaram suas marcas indeléveis no flamenco. Só fiquei triste porque no final, ao comentarem sobre a música, eles se embananaram e atribuíram a autoria a Pixinguinha e não à sua verdadeira compositora, Chiquinha Gonzaga.... Alguém bem que poderia dar um toque, né?



Oh, lua branca de fulgores e de encanto
Se é verdade que ao amor tu dás abrigo
Vem tirar dos olhos meus o pranto

Ai, vem matar essa paixão que anda comigo
Oh, por quem és desce do céu, oh lua branca
Essa amargura do meu peito, oh, vem, arranca

Dá-me o luar de tua compaixão
Oh, vem, por Deus, iluminar meu coração
E quantas vezes lá no céu me aparecias

A brilhar em noite calma e constelada
E em tua luz então me surpreendias
Ajoelhado junto aos pés da minha amada

E ela a chorar, a soluçar, cheia de pejo
Vinha em seus lábios me ofertar um doce beijo
Ela partiu, me abandonou assim
Ó, lua branca, por quem és, tem dó de mim

Gente que ama calor

Gente que ama o calor. Yooooooo!
Esta ilustração me representa! :)


Sonhando com um piquenique, um dia quente de sol... vestindo saia longa, sandália nos pés... e, quem sabe, escutando Zé Ramalho, Zeca Baleiro e Fagner enquanto balanço numa rede. É pedir muito? :)

E se teu amigo vento não te procurar
É porque multidões ele foi arrastar...





Até quando vale a pena tentar?

Pois todos, pelo menos uma vez na vida, já se questionaram se valia a pena ou não tentar um pouco mais. Insistir é legal, desde que a determinação não nos consuma.


“Passei a pensar em soluções na vida. As pessoas que resolviam as coisas em geral tinham muita persistência e um pouco de sorte. Se a gente persistisse o bastante, a sorte em geral chegava. Mas a maioria das pessoas não podia esperar a sorte, por isso desistia.” (Charles Bukowski, In: "Pulp")


 

Das coisas legais de domingo


O amor é o encontro com a sua alma no outro. 

Lindo, não? Palavras do chileno Alejandro Jodorowsky neste trecho de entrevista que acabei assistindo hoje cedo, entre um e outro álbum de Baden Powell disponível no youtube.

Sabe-se lá por quê este vídeo apareceu entre as sugestões musicais desta manhã, pois nunca tive muita curiosidade em ler ou saber mais sobre ele, embora já tenha postado sobre seu filho, Adanowsky, aqui na página. Mas me alegro por ter tido a curiosidade de parar o que eu estava fazendo para vê-lo. Coisas que acontecem quando estamos sintonizadas com nosso coração. Pelo menos, acredito nisso. 


Ele fala sobre algumas outras coisas bem legais, algumas das quais estão melhor explicadas em um antigo livro de Dion Fortune chamado "Filosofia oculta do amor e do matrimônio". Por ser um livro etiquetado como "ocultista" nas livrarias e bibliotecas, ele acaba sendo deixado de lado por puro preconceito de algumas pessoas. Porém, a leitura dos capítulos finais é super interessante e merece ser mencionada.

Hoje o domingo não foi de ensaio, nem de apresentação. Mas nem por isso deixou de ter seu momento mágico. 



Recordando a Triana

Em julho de 2014, após me dar de presente uma viagem de curta duração à Sevilla, onde tive a oportunidade de rever pessoas queridas, fazer aula com a fofíssima Leonor Leal e comprar muitos livros e discos de flamenco, voltei pra casa com mais um regalito: um álbum gravado em homenagem ao lendário grupo Triana, um dos precursores do rock andaluz e que fez muito sucesso nos anos 1970 e início dos anos 80.

Coração feliz na Alameda de Hércules...
Saudade define... 

Infelizmente, o grupo, que bebia de diversas fontes, entre elas, o flamenco, a poesia e o rock progressivo da época, teve sua trajetória bruscamente interrompida após a morte trágica de Jesús de la Rosa, seu cantor, tecladista e autor de grande parte do repertório do Triana, que não sobreviveu aos graves ferimentos provocados por um acidente de carro em outubro de 1983.

Desde que vou a Sevilla, escuto falar de Triana - não o bairro, o grupo. Mas nunca tive curiosidade de escutar, pois, embora soubesse que algumas das letras cantadas por Manuel Molina haviam sido escritas em parceria com Jesús de la Rosa, o rock progressivo não me empolga muito.



Capa do disco que eu trouxe em 2014, inspirada
na capa do álbum de lançamento da banda, nos anos 70

Porém, esta semana resolvi finalmente abrir o lindo CD gravado em homenagem ao grupo, que trouxe de Sevilla ano passado. Coloquei no som do carro, para ir ouvindo em doses homeopáticas.

Por fim, não apenas escutei o disco inteiro todos os dias, de segunda a sexta, como já tenho minhas músicas favoritas do coração. O que é a cantaora Argentina interpretando Abre la Puerta????

Yo quise subir al cielo para ver
y bajar hasta el infierno
para comprender
qué motivo es
que nos impide ver
dentro de tí
dentro de mí.
Abre la puerta, niña
que el día va a comenzar
se marchan todos los sueños
qué pena da despertar.
Por la mañana amanece
la vida y una ilusión
deseos que se retuercen
muy dentro del corazón.
Soñaba que te quería
soñaba que era verdad
que los luceros tenían
misterio para soñar.
Hay una fuente niña
que la llaman del amor
donde bailan los luceros
y la luna con el sol.
Abre la puerta niña
y dale paso al amor
mira que destello tiene
esa nube con el sol.
Por la mañana amanece
la vida y una ilsuión
deseos que se retuercen
muy dentro del corazón.
Hay una fuente niña
que la llaman del amor
donde bailan los luceros
y la luna con el sol.
Abre la puerta, niña
que el día va a comenzar
se marchan todos los sueños
que pena da despertar.
Hay una fuente niña
que la llaman del amor
donde bailan los luceros
y la luna con el sol.





Foi bom ter começado a escutar Triana a partir da homenagem feita por alguns artistas. As gravações atuais são muito bonitas e a qualidade do áudio excelente. Diferente dos álbuns originais. Talvez eu não tivesse me apaixonado tanto pelo grupo se tivesse começado pelas gravações dos anos 70, pois elas lembram muito algumas bandas que meu pai ouvida quando eu era criança e que eu não curtia muito hahahaha! Rock progressivo era, na minha infância, sinônimo de horas de solo de guitarra e bateria durante nossas viagens de carro para o Rio de Janeiro. Além do mais, eu guardo uma certa nostalgia dessa época e sempre acho que nunca nenhum outro grupo irá superar os solos de Pink Floyd, Iron Butterfly, entre outros.

Mas Triana roubou meu coração, assim como o bairro, assim como Sevilla. Cada vez amo mais essa cidade e tudo que diz respeito a ela. E este grupo simplesmente consegue nos transportar no tempo e no espaço. É fantástico imaginar como tudo devia ser incrivelmente apaixonante para os andaluzes no momento em que este trio unia o rock progressivo ao flamenco, interpretando letras maravilhosas, que são pura poesia.



Confesso que passei a semana numa vibe meio estranha. Fiquei meio fixada com o grupo, li tudo sobre a banda, sobre o cantor que faleceu tão precocemente... Deu até tristeza pensar em como o destino é capaz de interromper projetos tão criativos, bonitos e originais como foi esta banda. Mas o legado ficou e isso nos torna pessoas de sorte, pois mesmo passado tanto tempo podemos escutá-los e escutar as lindas regravações de seu trabalho.



Vida longa ao rock andaluz!

Para saber mais sobre Triana, sugiro os seguintes links:

Jesús de la Rosa, el poeta de la calle Feria... 

Triana, una historia

Escucha dos temas inéditos de Triana en exclusiva

El patio, ¿de Triana?

Recordando a Triana

Artur da Távola regado a Hindi Zahra

Artur da Távola e Hindi Zahra como tratamento complementar para uma enxaqueca daquelas...



Hoje pela manhã, enquanto colocava algumas pendências em dia e tentava driblar uma enxaqueca bem chatinha, encontrei este link com uma pequena compilação de textos escritos por Artur da Távola (na verdade, tem um do Rubem Alves sobre ele, belíssimo). 

Resolvi deixar guardado aqui para não perder a referência. http://www.velhosamigos.com.br/Colaboradores/Diversos/atavola8.html

Porque a vida pode ser leve... bem leve.
"A grandeza do amor está na impossibilidade de sua catalogação, cristalização, definição, congelamento em fórmulas, formas e fôrmas. Ele é tão amplo, misterioso e profundo que sempre está além de onde o colocamos".
 Artur da Távola





INXS... ou... dia de sentir saudades

Dia de sentir saudades.



Me lembro do dia e da hora exata em que escutei INXS pela primeira vez. Voltávamos de um almoço de família, domingo final da tarde, por do sol  p e r f e i t o  e eu contando os minutos para chegar em casa e poder encontrar alguém por quem era apaixonada. Hoje, saindo do casamento lindo de uma amiga muito querida, tive a oportunidade de ver um por do sol fantástico enquanto seguia para um outro compromisso. Cansada pacas. Quase dormindo em pé. Aliás, em pé desde as 3 da manhã. Mas ver aquele laranja rosado no céu, por incrível que pareça, me fez voltar nesse dia em que me encantei com Need You Tonight e fiquei louca com essa banda. Creio que a nostalgia de hoje foi por lembrar desses almoços em família incríveis, com todos vivos e cheios de alegria. Teria adorado rever alguns sorrisos hoje.... Talvez não tenha sido o por do sol maravilhoso, tampouco casamento lindo. O peito apertou porque esta semana recebi uma mensagem da Lauris dizendo que havia pensado muito na Cris e eu fiquei com isso na cabeça. Somos tão parecidas, que quando vejo alguma foto minha, não tem como não lembrar dela... e nos últimos dias, com tudo que aconteceu na escola, eu me lembrei demais das conversas que tínhamos sobre empreendedorismo, coragem e determinação. Enfim. Dia de sentir saudades.

Achar
a porta que esqueceram de fechar.
O beco com saída.
A porta sem chave.
A vida.
Paulo Leminski



Madha Morisco

Em 2014, tive a oportunidade de assistir a uma apresentação do Al Firdaus Ensemble dentro da programação das Noches en los Jardines del Real Alcázar e fiquei simplesmente extasiada! Estava com minha grande amiga Elisa e Lourdes, minha tia e querida companheira de viagem. Foi simplesmente um daqueles momentos da nossa vida que jamais nos esqueceremos.


Para minha felicidade, encontrei este vídeo hoje no youtube. Ele traz uma das músicas que eles tocaram naquela noite. Trata-se de um poema do século 17, escrito em aljamiado, ou seja, em espanhol com a grafia em árabe.



Vejam que maravilha! Agora imaginem escutar ao vivo, nos jardins do Alcázar de uma das cidades que eu mais amo, Sevilha, e ao lado de pessoas mais do que queridas!


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